Painéis de PVC nas paredes

O Material

Alvo de preconceito, por ser considerado menos nobre em relação às alternativas do mercado, o forro de policloreto de polivinila (PVC) é um material versátil e de múltiplas aplicações, tanto na construção quanto na reforma de ambientes ou de imóveis. Por ser um material leve em virtude dos espaços vazios no interior dos painéis, é de fácil manuseio. Pode ser cortado em diferentes medidas e é de fácil instalação, gerando baixa quantidade de resíduos.
Porém, como reza a tradição popular, o PVC somente é utilizado para forros de teto. Desta forma, resolvi escrever este artigo a fim de demonstrar, com insumos e experiência própria, que este material pode ser utilizado em outros tipos de aplicações, além de possuir algumas propriedades interessantes, como veremos a seguir.
Revestimento em placas de PVC na parede de um dormitório

Motivos da Reforma

Primeiramente, devo explicar que promovi a reforma no apartamento em que resido, em um edifício com pouco mais de 20 anos. O revestimento original era simples, de argamassa com uma camada de tinta. O reboco de argamassa de cimento Portland e cal, embora muito comum em construções, garante um tempo de vida útil relativamente baixo, de acordo com o ambiente, práticas construtivas, dosagem e traço da argamassa, clima, dentre outros fatores. Há também um fenômeno natural chamado carbonatação, que é a queda do pH da argamassa, pelo contato com o ar atmosférico. Este fenômeno pode ser agravado pelos fatores acima citados, acentuando a queda do pH da argamassa e causando inúmeros tipos de manifestações patológicas, como as mostradas a seguir. 

Patologias no revestimento de argamassa da parede
Patologias no revestimento de argamassa da parede
Patologias no revestimento de argamassa de parede interna

No caso, a umidade produzida no interior do apartamento agravou o problema. Notem que o rodapé de madeira acabou se desintegrando.

Desgaste no rodapé de madeira pela umidade

A solução comumente prescrita para este tipo de problema é a remoção do reboco da parede, em alguns casos, incluindo a camada de emboço e chapisco, e a reconstituição das mesmas. Isso certamente envolverá o manuseio de massa corrida, lixamento e pintura, o que tornará a reforma cara e causará muitos transtornos. Caso opte por este caminho, sugiro a você que mude de endereço, pois a poeira e resíduos gerados no processo é colossal!

Reforma com remoção do revestimento de argamassa
Reforma suja e demorada
Reforma suja e demorada

Estas fotos são da sala do apartamento. Aqui o reboco da parede teve de ser refeito e o acabamento em massa corrida, com gesso acartonado no teto. Tivemos que desocupar o apartamento enquanto a reforma era executada. No final do processo, a poeira do lixamento da massa corrida encheu uma lata de 18 litros! Além disso, se não for bem executada, logo aparecerão bolhas na massa corrida. Por isso, ao chegar a vez dos quartos, optei por uma reforma seca, rápida e muito mais prática. 

Busca por soluções

Devo admitir que após algumas visitas em lojas especializadas, fiquei decepcionado. Não sabia, ao certo, qual revestimento iria utilizar nos quartos, pois as opções que me ofereciam iam do tradicional ao óbvio, porém, pouco prático. Soluções que iam do gesso acartonado ao gesso em pasta, massa corrida, pintura e até papel de parede. Todos revestimentos caros e que não iriam resolver os meus problemas. Aliás, para este caso, papel de parede ou qualquer revestimento colado logo iria requerer manutenção, dado o estado da parede.
Como a região da Serra Gaúcha é fria e úmida no inverno, não poderia ser gesso, por ser propício à formação de bolor em seus poros. Já a parede com acabamento em argamassa e massa corrida não garante um bom conforto térmico e acústico. Em um dia frio, as janelas ficam fechadas, impedindo a renovação do ar, que fica saturado e a umidade acumulada acaba condensando nas paredes mais frias (geralmente as paredes que isolam o ambiente do meio externo ficam mais frias em relação às de isolamento entre cômodos internos). Desta forma, elas sempre estavam molhadas e escorrendo, sendo atacadas também pelo mofo. 
Outro problema que enfrentávamos era o da reverberação (eco). Bastava alguém falar com um tom de voz um tanto elevado ou aumentar o volume da televisão, que o efeito da reverberação aparecia, causando uma sensação desconfortável. Isso é comum em ambientes com paredes de alvenaria e acabamento rústico.
A busca por uma solução prática e eficiente acabou em um estande da Construsul 2015, evento anual realizado no Centro de Eventos da Fenac, em Novo Hamburgo. Um expositor de Santa Catarina apresentava um tipo de revestimento, que além de prático e eficiente, era também elegante, tanto para o teto quanto para paredes. Era o PVC fugindo de sua apresentação tradicional, branca canelada! O expositor oferecia, além do branco, opções de painéis coloridos, estampados e até texturados, imitando madeira.

Execução da reforma

Primeiramente, foram removidas as partes do acabamento que estavam se desintegrando e formando bolhas na pintura. Depois, foi aplicada uma demão de selador (Sikamur). Por último, foram aplicados os painéis de PVC. Os painéis brancos, chamados de "junta seca", não possuem baixo relevo nas junções e são comercializados em folhas cortadas na medida em que o cliente solicitar, desde que seja múltiplo de 10 cm. Já os texturados, com junções em baixo relevo de 1 cm de largura, são fornecidas pelo fabricante em folhas de 6 metros de comprimento. Na parte superior, foram utilizados acabamentos de perfis em "J". Nos cantos, foram aplicadas molduras, tradicionalmente utilizadas como acabamentos de teto. Todos adquiridos da Plasbil, de Tapejara, no norte do Rio Grande do Sul.

Aplicação de revestimento em PVC na parede
Cantoneira de PVC
Fixação de forro de PVC diretamente sobre a parede
Aplicação de forro de PVC na parede de alvenaria
Forro concluído na parede, com rodapé
Aplicação de placas de PVC estampadas

Notem que a bagunça originada fica por conta das ferramentas no chão e dos pedaços de PVC que eram cortados. O fabricante orienta a aplicar o forro sobre uma armação de madeira ou metálica, assim como as utilizadas para gesso acartonado. A fixação do forro diretamente sobre a parede de alvenaria, com parafusos e buchas, foi a solução utilizada para não comprometer o espaço do quarto, que já não é tão amplo. Com isso, a perda de espaço fica apenas por conta da espessura das folhas de PVC, de 1 cm. Com a armação, fios e instalações diversas poderiam ser ocultadas no espaço entre a parede de alvenaria e o revestimento. Mesmo assim, foi encontrada uma solução para passar discretamente os fios condutores.

Marcação de saída de condutor elétrico
Condutor elétrico dentro da placa de PVC
Condutor elétrico dentro da placa de PVC
Parede revestida com a tomada instalada

Os condutores foram passados por entre os vãos do painel, através do furo demarcado na foto. Como as tomadas e interruptores tiveram suas posições alteradas por conveniência, foram utilizadas tomadas com caixinhas projetadas, a fim de evitar-se a necessidade da quebra da parede para a instalação das caixinhas embutidas.
As molduras das janelas receberam acabamento com perfis em "J" cortados em ângulo de 45º. Um trabalho semi-artesanal feito com tesoura!

Acabamentos nas molduras das portas.
Acabamento na moldura da janela
Parede acabada do lado da janela

Por fim, os rodapés de poliestireno foram instalados. Equipamentos elétricos foram reposicionados.

Acabamento e detalhe do canto
Parede acabada com tomada e arandela instalada
Parede acabada com painel de TV instalado
Parede acabada com equipamentos elétricos instalados

Vejam que o quarto não precisou ser interditado para a realização da reforma. Se fosse utilizada a massa corrida, lixamento e pintura, isso não seria possível.
Além da reforma seca e rápida e da eliminação da necessidade da desocupação do apartamento, outras vantagens foram observadas no revestimento de PVC. A principal delas é que o revestimento já é acabado, não requerendo pintura. Outra vantagem é a da eliminação do problema das paredes escorrendo. Como o PVC é considerado um revestimento quente, ou seja, é um mau condutor térmico e, portanto, não esfria como uma parede simples rebocada, houve sensível melhora no conforto térmico do ambiente, além de não condensar o vapor d'água em sua superfície. Por último, houve sensível melhora no conforto acústico do quarto, pois o material não reverbera ondas sonoras.
Devo ressaltar que se houver infiltração na parede, o problema deve ser solucionado antes da aplicação do revestimento. Neste caso, como a umidade aflora da parede, o seu isolamento sob a camada de PVC poderá ocasionar outros tipos de manifestações patológicas, como o acúmulo de bolor.
Enfim, uma desvantagem foi observada: há de se ter cuidado ao instalar balcões aéreos, para não esmagar os painéis. Porém, tendo em vista as vantagens, o revestimento mostrou, além da fuga do convencional, um excelente custo-benefício.

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